sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Campanha "Semear azevinhos 2008"


Diogo Freitas da Costa, 2008

A partir de agora ele vai andar por aí ...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Botões da época...


Ameixoeira quase em flor..., Fev 08

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Simplicidade (VIII)


O Martim-Pescador, V. Van Gogh
Paris, 1886
Óleo sobre tela, 19x 26,5 cm
Amsterdão, Museu Van Gogh


Algumas proposições com pássaros e árvores

QUE O POETA REMATA COM UMA REFERÊNCIA AO CORAÇÃO

Os pássaros nascem na ponta das árvores

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração

Ruy Belo, Obra Poética de Ruy Belo(1990)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Timothy O'Riordan: "Preparando a sociedade e o ambiente para a sobrevivência global"


Nas redondezas da escola, Abril 07
Terça-feira passada, o Prof. O'Riordan esteve na Fundação Gulbenkian para partilhar as suas ideias sobre a Crise Global do Ambiente. Gostaria de vos resumir o que foi dito.

Introdução (3 noções)
Segundo O'Riordan estamos perante uma Crise Humana e não Ambiental (1ª), uma vez que o planeta já nos mostrou que é extremamente resistente e «se limpou» várias vezes de processos e dinâmicas impostas pelo homem. Este, tem de compreeender a consequência das suas acções pois está-se a passar por um período sem precedentes neste planeta! Temos de ter a capacidade de "fazer alguma coisa": não podemos mais fugir, alegando ignorância. Para este professor é preciso uma nova forma de viver, de nos comportarmos, de pensarmos! A crise ambiental global é uma combinação entre a biosfera/geosfera e o conhecimento humano; a capacidade e o conhecimento humano fazem parte da crise mas também da solução!

E o que se pode dizer acerca do Ponto de Viragem (2ª)? Não constitui um dado adquirido, mas a existir, ele será "não-linear", "não previsível" e quando acontecer mudará totalmente o que aconteceu até então. Não terá de ser necessariamente para o mal, poderá ser também para o bem. A 3ª noção é lidarmos com uma boa governação: todos temos de trabalhar em conjunto para tratarmos dos nossos assuntos. A responsabilidade cabe ao governo, tanto a nível global como local. Para T. O'R. o patamar "local" é o mais importante neste século, para termos um processo de globalização que possa vir a funcionar. O termo adequado para resumir esta noção é(segundo O'Riordan)"companheirismo" (mais do que "parceria"): "precisamos uns dos outros para criarmos a sobrevivência".
«O verdadeiro ponto de viragem é tornarmo-nos "companheiros deste planeta", não "habitantes do planeta".»

Alguns dados para reflexão...
Vivemos na era do domínio humano: a Terra já não é natural mas um fenómeno totalmente subjugado e alterado: é a Natureza que está nas nossas mãos e aos nossos pés...

- 60% da energia que chega a este planeta está a ser transformada noutro tipo de energia (uso humano).
- Até ao final do século podemos ter perdido 1/3 de todas as espécies: quase ninguém tem capacidade para perceber a dimensão deste fenómeno ( mais de 3 milhões de anos até a Terra voltar a recuperar as espécies perdidas).
- 1/6 ( reparem: 1,1 bilião de pessoas como nós!) da população mundial não tem acesso a água potável (bastaria uma pequena fracção do orçamento militar dos EUA...).

- 2,6 biliões vivem sem condições sanitárias mínimas.
- 1,2 milhões de crianças morrem anualmente por não terem água potável (3500 crianças/dia).
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Desenvolvimento Sustentável: o que fazer?
A acção da comunidade local é fundamental na mudança: mais do que «pensa global e age local», o professor recomenda: «age e pensa globalmente e faz o mesmo localmente». As pessoas são brutalizadas no sentido de perderem a sua auto-estima; todos nós precisamos de nos sentir bem e sentir uma ligação para termos bem-estar. A sociedade tem de melhorar estes pontos para ter êxito; dar às pessoas conhecimentos para que possam tomar «decisões difíceis» e saberem gerir/ ganhar competências, neste domínio ambiental. O papel da Educação tem a ver com a capacidade de dar às pessoas habilidades para lidar com isto.

Todos precisamos de tempo para ler, para reflectir, para termos espiritualidade, para sentirmos que fazemos parte de um acto criativo... O bem-estar é uma noção muito rica em termos humanos, a parte económica é bem mais pequena, apesar de a nossa vida ser dominada por ela.

Características humanas
VIRTUDE para a transição da sustentabilidade. Sermos companheiros uns dos outros, o que poderemos fazer para os outros?
RESPONSABILIDADE para connosco e para com os outros; a partilha, o trabalho em conjunto faz-nos "aumentar" como seres humanos: sermos cidadãos do mundo!
COMPAIXÃO e JUSTIÇA, no fundo ser-se virtuoso - todos - incluindo os governos e respectivos políticos (!) Dar às pessoas a oportunidade de praticarem o bem, de serem criativas...
CONHECIMENTO CIENTÍFICO juntamente com o reconhecimento que as pessoas têm de ter uma melhor compreensão e consciência do que são: Integrar o conhecimento científico na acreditação dos nossos actos!

Conclusões
1ª Sonho de Vida: Todas as Escolas devem ser laboratórios de virtude e de sustentabilidade!!
As crianças de hoje devem viver, agir para a sustentabilidade, para chegarmos a algum lado, daqui a 20 anos.
2ª Todas as pessoas devem ter o contacto directo com a Natureza, todos os dias!
3ª Acordar de manhã e pensar de forma diferente!

Entrevista: aqui!
Conferência: ver as imagens

gabriela

domingo, 24 de fevereiro de 2008

"A Banhos"


Acrílico s/Tela
41x65cm
2007

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Era uma vez


Ilex aquifolium L. (azevinho)

... três raparigas (uma delas de meia-idade já) e um rapaz. Convém referir a vulgaridade destas pessoas, um grupo heterogéneo em muitos aspectos mas com o gosto, comum, pelas árvores, a natureza selvagem. Eles trabalhavam conjuntamente num pequeno projecto sobre plantas e ambiente, em que a mulher velha era uma espécie de "orientadora", propunha tarefas e distribuía-as consoante o gosto pessoal de cada um; ouvia os jovens na sua criatividade, elogiando-os mas também ralhando quando os sentia preguiçosos, distraídos: enfim, uma "mãe-de-trabalho".
Um dia, igual a todos os outros que estão próximos do Natal, em que se sente o espírito da quadra e se fica com vontade de fazer algo relacionado mas diferente - uma certa necessidade «obscura mas urgente» em mudar o mundo, romper com a vulgaridade sufocante das rotinas - a conversa entre eles andava às voltas, ia e vinha na procura de inspiração para textos escritos. Esses trabalhos seriam (como de costume) publicados na internet no endereço de um blogue, o deles. Assim, o rapaz - que ficou encarregue de escrever algo sobre o Dia Nacional da Floresta Autóctone -resolveu apelar à preservação do azevinho selvagem. E se as pessoas plantassem azevinhos nos seus quintais em vez de espécies introduzidas e caras (!), palmeiras e outras afins, que destoam imensamente no nosso ambiente paisagístico? Por que não?
Esta ideia ficou a roer, rrr, as cabeças deste grupo pelo resto do dia, especialmente a da "velhota", que se inquietou ao sentir que por vezes é tão fácil mudar o curso do caminho... basta ser ousado e acreditar na diferença? No instante seguinte estavam todos reunidos a tagarelar (hum, discutir) sobre a oferta de frutos dos azevinhos dos seus quintais - por sorte possuiam algumas árvores repletas: era só o trabalho de os recolher, guardar e distribuir pelos interessados. Caramba, até parecia fácil...

Este é o começo da nossa história. Como acabará?
gabriela

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Pássaros urbanos


Pombos e corvos em Paris, Jan 08

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

B.I. Vegetal


Ilex aquifolium L., Dezembro 07

Nome cientifico: Ilex aquifolium L.

Habitat: acompanha o coberto vegetal natural de características atlânticas e subatlânticas da Europa, encontrando no carvalhal caducifólio o seu habitat, assim como nas margens de cursos de água; por vezes é pioneira nas áreas temperadas.

Distribuíção geográfica: Nativa de regiões temperadas (norte de África, Europa ocidental, meridional e Ásia). Em Portugal encontra-se espontaneamente nas serras ocidentais, nas zonas de influencia atlântica.

Características da espécie: Arbusto ou árvore de folhas persistentes, com crescimento lento que pode atingir até 20 metros de altura, de copa cónica e estreita. Espécie funcionalmente unissexual, e mais raramente hermafrodita (as plantas femininas têm estames rudimentares sem anteras e as masculinas possuem um pequeno ovário). Casca lisa, cinzenta, tornando-se rugosa com a idade.

Constituintes- Ilicina- um constituinte amargo; Flavonóides- (rutina, glicósidos da quercetina, campferol); taninos; ácidos aromáticos (clorogénico), triterpenos (amirina, ácido ursólico) e resina.

Época de Floração- Maio/Junho.

Época de Frutificaçao- amadurecem no final do Verão e perduram durante o Inverno.

Folhas- alternas, possuem margem ondulada e espinhosa, (encontrando-se por vezes nas partes mais altas dos exemplares maiores, folhas quase sem espinhos), 5-12 cm de comprimento, coriáceas, com uma forte nervura marginal verde clara, glabras, verde-lustroso na pagina superior e verde-mate na página inferior da folha.

Flores- pequenas (até 1 cm de diâmetro), brancas, funcionalmente unissexuais ou, mais raramente hermafroditas.

Fruto- drupa, carnudo, globuloso, com 4 a 5 sementes; pequeno, vermelho.

Aplicações medicinais: Planta pouco estudada e talvez por isso pouco usada em preparações fitoterápicas. Os constituintes amargos conferem-lhe propriedades eupépticas.É usada em afecções reumáticas devido à sua acção diurética; bronquite crónica, perda de apetite, icterícia. O cozimento das folhas frescas é sudorífico (provoca transpiração) e febrífugo (faz baixar a febre).
As bagas são tóxicas: a sua ingestão (pensa-se que a partir de 5) pode causar diarreia, vómitos e convulsões.

Curiosidades: A familia das Aquifoliaceae, à qual pertence o azevinho, possui uma via metabólica capaz de levar à produçao de cafeína.


Adaptado de: Jornal da Quercus (janeiro/fevereiro 2008), de "FLORA IBERICA, Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares" (vários autores) e de "Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia" (vários autores), da Fundação Calouste Gulbenkian.

Mitos e Lendas: O azevinho é um dos símbolos do Natal porque dizem que "estendeu os seus ramos" durante a fuga da Sagrada Família para o Egipto para esconder Maria e o Seu Filho e assim impediu que os soldados de Herodes matassem o Menino Jesus. Então Maria, em agradecimento, abençoou o azevinho que, desde então, permaneceu sempre verde.
Para além de oferecer azevinho como presente, os romanos consideravam-no um símbolo de paz e felicidade, e os magos celtas usavam-no como antídoto contra venenos.


Jorge Vilar

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Eclipse Total da Lua


A Lua a preparar-se para "brincar às escondidas"...

Caros leitores, esqueçam as novelas, as entrevistas secantes a políticos e outros programas televisivos, absolutamente sem interesse. Hoje o vosso serão, pela noite dentro poderá ser diferente... E que tal uma lufada de ar fresco? Sair, ir até à varanda e observar o eclipse lunar total a começar após a meia-noite? A não perder!

Apelo


Herbário nos arredores da escola, Abril 07

Sejamos sensatos!
Cresçamos e admitamos que temos errado!
Que temos cometido erro após erro e que nunca, senão agora, nos preocupamos com isso!...
Agora queremos remediar tudo de uma vez, mas é dificil!...
Nem todos querem ceder!
Querem pôr-se em primeiro lugar!
Não pode ser!

Quando amámos alguém, quantas vezes não nos deixámos para trás para pôrmos em primeiro lugar a pessoa amada?... Muitas, estarei certa?
Então, deixemo-nos a nós e punhamos em primeiro lugar aquilo que nos é vital! E não, não falo do dinheiro ou coisas afins... Falo, isso sim, do nosso bem primeiro, sem o qual não haveria mais bem nenhum: a Natureza.

É por ela que vos apelo e que vos peço que deis o braço a torçer... que vos deixeis de egocentrismos e a ponhais em primeiro lugar se quereis ser "eternos"! Pois sem Ela, sabeis bem, todos morreremos!
Há tanto a fazer!!! E sois vós, homens do poder, que deveis dar exemplos e incentivos!...
Só por si, nós não sabemos o que fazer, por onde começar! Por isso, dai-nos as mãos. Unamo-nos como irmãos que, sendo filhos Dela, e vendo-A adoecer, unem esforços e forças para a salvar. Não só porque a amam, mas também porque se amam a si mesmos. E porque sabem que quando ela morrer, morrerão também!
Como tal, lutemos por nós e por Ela!

A vós, Ó grandes!

Mafalda Pereira

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

«Onde está o Wally?»


Jardins suspensos, Paris, Jan 08

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Podemos ficar indiferentes?

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Como uma "força"...


Herbário no Pisão, Jan 07
Hum, as plantas "partem pedra"?

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ginkgo biloba


Frutos (fedorentos) de Ginkgo biloba, Jan 08

Numa bela manhã de Janeiro, estávamos muito descansados (a dormir) numa aula de Biologia quando a nossa amável (pensávamos nós) professora disse que tinha uma surpresa para nós... Boa, acordar geral!
Estavamos já todos contentes a tentar adivinhar "a prenda" - bolo de chocolate recheado de pepitas e creme de chocolate com cobertura de chocolate (era bom rapazes...), caramelos de chocolate, chocolatinhos recheados...- quando alguém pediu uma pista: «Professora, é de comer?»
«Ah, nã-nã, é uma coisa que eu prometi que vos trazia...Quem se lembra?»
Hum... mistério. Continuámos a magicar o que seria, até que alguém inspirado disse: «É aquele fruto da árvore que visitamos no jardim do Príncipe Real, em Lisboa na viagem ao "Corpo Humano?"» (mais valia estar calado). Pois... Aqui está a resposta certa. Mas muitos de nós ainda não sabiam o que nos esperava. Até que a professora foi buscar algo com extremo cuidado (?) e nos explicou que para trazer os tais frutos teve de os "proteger" muito bem: de outra maneira sentia-se o cheiro...

« O CHEIRO???»
Pois, era o cheiro. Começou a desembrulhar um saco... Depois outro saco e mais outro, até ao último (nós de olhos pregados). Bem, eram uns frutos pequenos e "mirrados" - tipo tâmaras que passaram meses num porão de navio bolorento - embrulhados em montanhas de lenços de papel. Colocou-os em meia caixa de petri e foi passando por todos. Caramba! Nunca tinhamos cheirado nada tão, tão - sei lá! Sentia-se intensamente o odor que emanava daqueles frutos aparentemente apetecíveis. Pois fiquem a saber, caros leitores, que "aquilo" cheirava a um misto de vomitado e podre de século passado (decomposição mesmo). Era terrivelmente pior que bosta de animal carnívoro com volta à barriga! Hug, que horror! No final, decoramos um nome: Ginkgo biloba: a planta em que é proibido cheirar os frutos! (prometemos fazer um post a reabilitar a reputação desta bela árvore oriunda da China...)


Apelo: bolo de chocolate é a surpresa ideal para alunos como nós...

Catarina Cancela

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

S. Valentim...


Romance no jardim da escola, Abril 07

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Sensações...


Herbário em Gestoso, Junho 07

Natureza...
Quando ouço este nome lembro-me
Da sombra fresca numa tarde quente de Verão...
Do som das ondas a rebentarem numa praia deserta...
Do cheiro fresco da manhã que me motiva durante o dia...
Sintam...

Po que me tiram estes momentos
Que me transmitem paz?

Catarina Cancela

Folhas de outros "livros"


Ranunculus omiophillus, Pisão, Jan 07

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Nature


Cascatas do Arado (Gerês), Julho 07

Nature is calling...
She is sending signals like...

Why doesn't rain?
We need the rain
To have water...
Why the ice is melting?

The Nature calls for your help...
Not with words,
But with actions.

Help her...
Help us...
Help you...

Join the cause...
Save our Mother.

Catarina Cancela

sábado, 9 de fevereiro de 2008

When All Is Said And Done: Anne Sofie Von Otter


Subida para o Borrageiro (Gerês), Julho 07

Here's to us one more toast
and then well pay the bill
deep inside both of us
can feel the autumn chill
birds of passage, you and me
we fly instinctively
when the summer's over
and the dark clouds hide the sun
neither you nor Im to blame
when all is said and done

In our lives we have walked
some strange and lonely treks
slightly worn but dignified
and not too old for sex
we're still striving for the sky
no taste for humble pie
thanks for all your generous love
and thanks for all the fun
neither you nor Im to blame
when all is said and done

Its so strange when youre down
and lying on the floor
how you rise, shake your head
get up and ask for more
clear-headed and open-eyed
with nothing left untried
standing calmly at the crossroads
no desire to run
there's no hurry any more
when all is said and done

Benny Andersson & Bjorn Ulvaeus (lyrics)
1981, Universal/Union Songs AB
Stockolm, Sweden

Album "I Let The Music Speak", 2006

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

GreenNetwork!


Plátanos do jardim da escola, Abril 07

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Dia Internacional da Tolerância Zero para com a Mutilação Genital Feminina


Céus de Lafões, Jun 07

Saber mais: Portugal , Unicef , Save the Children

Petição: assine aqui

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Conversas de Herbário: "Heaven's here on earth..."


Belazaima, cortesia de Paulo Domingues

Pode apresentar-se, por favor?
43 anos, casado, uma filha de 5 anos. Licenciatura e Doutoramento em Engenharia Electrónica e Telecomunicações pela Universidade de Aveiro. “Divorciado” de ambas (Lic. e Doutor.). Trabalho numa empresa familiar 3 dias por semana, na área da energia solar. Trabalho um dia por semana no campo e outro em casa. Gosto de música e toco um bocadinho de piano. Interessam-me os temas de crescimento interior e espiritualidade, mais de um ponto vista prático do que especulativo. Sou vegetariano (a minha esposa e filha também, claro). Sou membro da Quercus há 20 anos. Neste âmbito interessam-me sobretudo os temas da recuperação de ecossistemas nativos e da agricultura biológica.

Como surgiu o seu “despertar” para os problemas ambientais?
Moveu-me primeiramente a problemática da “eucaliptação”. O Concelho de Águeda (o meu) é o mais “eucaliptado” do país. A minha freguesia (Belazaima) é uma das mais “eucaliptadas” do Concelho. As consequências sobre a paisagem e a biodiversidade foram devastadoras. Foi a consciência desse facto que me levou a dar o primeiro passo. E o primeiro passo foi exactamente tornar-me membro do então Grupo Quercus (Quercus – Grupo Para a Recuperação da Floresta e da Fauna Autóctones), mais tarde Associação.

O que é o projecto “Cabeço Santo”, em Belazaima?
É um projecto que nasceu das cinzas de um grande incêndio que em Setembro de 2005 devastou numa única noite de Setembro toda a mancha de eucaliptal a sul e a nascente de Belazaima, queimando também pequenos núcleos de vegetação nativa que existiam num monte a nascente de Belazaima: o Cabeço Santo. Eu já fazia há muitos anos trabalho de recuperação ecológica, conhecia bem essas áreas, e sabia que havia aí um grave risco de invasões biológicas após o fogo, devido à presença de espécies com características invasoras, particularmente do género Acacia.
Por isso, logo após o incêndio, contactei a Celbi, empresa proprietária de uma grande parte do Cabeço, e onde se encontram a maior parte dos núcleos de vegetação nativa, no sentido de obter apoio e permissão dos seus responsáveis para intervir nesses núcleos. Depois, já em 2006, propus à Quercus criar um projecto, com dois objectivos principais: adquirir um terreno, junto à propriedade da Celbi, onde se encontrava um importante núcleo de vegetação nativa, e promover a realização de trabalhos com o objectivo de limitar os estragos que as mais que prováveis invasões biológicas iriam causar. Estes trabalhos realizar-se-iam não apenas no terreno a adquirir mas também nas áreas da propriedade da Celbi, nas quais entretanto esta tinha permitido a intervenção.
Assim, em Setembro de 2006, quase um ano após o incêndio, realizou-se no Cabeço Santo um primeiro Campo de Trabalho Voluntário no âmbito do projecto, e em Dezembro do mesmo ano foi formalmente adquirido o terreno, um espaço com a área de 7 ha. No entanto, a área total a recuperar e proteger é muito mais vasta, pois a Celbi (depois a Silvicaima, já que a Celbi foi entretanto vendida, passando o património florestal para a Silvicaima) fez um projecto de replantação da propriedade onde reservou cerca de 60 ha para protecção. Como grande parte desta área está severamente invadida com acácias (agravando-se após o fogo), e sendo o trabalho de recuperação muito exigente em mão-de-obra, o esforço necessário é gigantesco, para os recursos disponíveis.
Por outro lado, os Campos de Trabalho Voluntário realizados em 2007 demonstraram que não é fácil ter uma adesão significativa e persistente de voluntários. Neste ano, muito trabalho foi já realizado com recurso a mão-de-obra remunerada, mesmo aquele que poderia ter sido facilmente realizado por voluntários. Apesar disso, em 2008 o projecto adquirirá uma nova dimensão, ao prolongar a sua intervenção para áreas ribeirinhas do Ribeiro de Belazaima, aqui tratando-se já de reconversão de eucaliptal para bosque nativo com predominância de carvalho roble.
Saber mais: Projecto Cabeço Santo , Belazaima

A população local está motivada, aderiu à iniciativa?
A adesão da população local foi muito escassa. Realizou-se uma conferência pública e foi enviada uma comunicação com pedido de apoio para todas as casas da freguesia, mas a resposta foi mínima. Entendo este facto mais como um sinal do caminho que ainda há a percorrer para a evolução das mentalidades, do que como um pretexto para classificar uma comunidade.

Na sua opinião, porque é que as pessoas, em geral, dão pouca importância às plantas e à Natureza, quase um desprezo?
É uma consequência do paradigma em que a sociedade se baseia para conceber o mundo em que vive. Um mundo em que a técnica se sobrepõe à estética, a ciência à espiritualidade, a mecânica à magia. Um mundo sem noção de sentido nem de caminho, em que a angústia existencial se atenua com consumo e diversão. Em que o medo do outro e do devir se resolve com isolamento e acumulação. Deste modo não há apreciação pela beleza de uma árvore, de uma paisagem ou de uma flor. Não há um sentimento de pertença nem de comunhão. Apenas apropriação e recursos a explorar.

Então, qual o valor de uma árvore?
Elemento fundamental do ecossistema florestal. Ser vivo de grande beleza e perenidade. Mãe protectora, que nutre, abriga, cura, inspira.

O que apreciaria que fosse feito em termos de protecção ambiental em Portugal?
O ambiente é uma “orquestra” com inúmeros “instrumentos”, e todos eles, desde o mais simples ao mais elaborado, necessitam de estar “afinados” para que a orquestra toque a “peça” devidamente. O que é preciso, fundamentalmente, é que as consciências saltem para outro paradigma, uma Nova Era já anunciada mas ainda pouco praticada. Um tempo em que a evolução interior (em sabedoria, serenidade, confiança, amor universal…) seja mais importante que o crescimento do PIB. Se a transformação não sair do âmago, podem-se afinar uns instrumentos, mas desafinam-se outros e a orquestra continua desafinada. Não posso dizer quais os instrumentos da orquestra gostaria de ver afinados. Todos precisam de o ser.

Pode partilhar connosco a sua definição pessoal de “Natureza”? Que significado tem na sua vida?
Não se pode “definir” globalmente Natureza. Qualquer definição engendrada por uma mente humana seria imperfeita ou incompleta. Ela limitaria os horizontes da coisa definida aos limites e termos precisos da definição. Mas posso dizer que ela representa o pulsar da vida na sua evolução cósmica; que nós, seres humanos, fazemos parte dela porque participámos e continuamos a participar da mesma evolução; que ela é um livro aberto sobre a vida e um espelho simbólico de nós próprios; que a beleza que dela transparece, nascida do caos e da desordem, é uma representação viva do nosso caminho humano.

O que deseja dizer aos jovens, no sentido da sua sensibilização pela defesa do ambiente?
Que procurem preferir e cultivar a frugalidade ao consumo, a serenidade à agitação, a beleza à utilidade, a contemplação à acção, a reflexão à impulsão, a profundidade à futilidade, a espiritualidade à religiosidade, o amor à paixão, a confiança ao medo…

Eu estou convencido, como já estava quem há muitos anos me ensinou a pensar assim, que as crises do ambiente são um reflexo de crises intrinsecamente humanas, e que não será possível resolver as primeiras sem abordar séria e correctamente as segundas. Ou pelo menos que ambas devem ser abordadas ao mesmo tempo. Só que abordar as segundas é muito mais difícil do que abordar as primeiras. E as “ferramentas” oficialmente aceites para o efeito têm-se revelado de uma incrível ineficácia. É angustiante verificar como a informação veiculada por pessoas influentes, meios de comunicação de massas e mesmo manuais e programas escolares (!) é pobre em ferramentas para o trabalho de cada um sobre si próprio. E contudo muitas dessas ferramentas já existem há muito tempo. Elas estão no substrato mais primitivo de todas as grandes religiões do mundo, mas substrato esse que foi sendo ocultado e adulterado pela sede de poder e de dominação ao longo da história.

A sociedade em que vivemos é tanto um sistema de dominação da natureza pelo homem como, talvez ainda mais, um sistema de dominação do homem pelo homem. A economia, tal como a conhecemos, é um sistema de dominação dos que têm menos pelos que têm mais. Muitos problemas ambientais não podem ser resolvidos sem este sistema de dominação ser ultrapassado. E este sistema de dominação dificilmente é ultrapassado se quem domina continuar a sentir vontade de o fazer. E a vontade de o fazer dificilmente é desmontada se os desejos tornados necessidades e outras necessidades para manter o sistema a funcionar se multiplicarem. E as necessidades dificilmente diminuem sem o tal trabalho interior.

Esta resposta, claro, levanta mais dúvidas do que presta esclarecimentos. Aponta um caminho mas não diz como percorrê-lo. Nem poderia porque a forma de o percorrer é largamente pessoal e tem de ser descoberta por cada um. Percorrê-lo tem algo de heróico mas os seus heróis não são reconhecidos como tal nem aclamados. Nem precisam, porque não é para serem aclamados e respeitados que o percorrem. No passado, esse caminho era percorrido por uma minoria como uma forma de atingir a realização plena. Agora necessita de ser percorrido por uma maioria, já não apenas como forma de atingir a realização plena mas como meio para salvar a vida na Terra de um cataclismo único na sua história.

Se esta resposta parecer difícil de usar, então aqui vai outro conselho: procurar adquirir uma consciência o mais alargada possível de cada acto e opção da nossa vida. No que compramos: com que impactos foi produzido, que recursos usou, com que respeito e compensação por quem trabalhou, que distância percorreu, que lixo gerou e vai gerar. No uso da energia: como podemos diminuir o consumo, no aquecimento, no transporte, em toda a panóplia de aparelhos eléctricos de que dispomos. Na forma como gerimos os nossos resíduos: separando o máximo, pondo o mínimo no lixo indiferenciado. Na forma como gerimos o dinheiro das nossas poupanças (importante!): estar mais consciente do que se encontra por detrás das ofertas de rentabilidade dos bancos e instituições de crédito. Nas opções de férias e diversão: evitar as viagens de longo curso e as infra-estruturas turísticas de grande impacto. Na alimentação: fazer opções que minimizem a pressão sobre a terra e as criaturas com as quais partilhamos o planeta, preferindo produtos biológicos, dando prioridade à proximidade, consumindo pouca ou nenhuma carne nem peixe.

Aprender a apreciar e a amar todas as manifestações da vida!

Paulo Domingues

Nota: O titulo deste post é de uma música de TRACY CHAPMAN - "Heaven's Here On Earth" (Album New Beginning, 1995)