domingo, 30 de março de 2008
sexta-feira, 28 de março de 2008
quinta-feira, 20 de março de 2008
Poesia & Primavera
Flores silvestres, Mar 08
Dos laivos brancos que há no céu pra enfeitar
descendo à fruta já madura do pomar
e arrufando nas varandas
asas negras como as tranças
das meninas que à janela se vão pentear
há campos verdes onde cresce o malmequer
branco, amarelo com o bico o vai colher
e voltando pràs varandas
com a flor enfeita as tranças
das meninas que à janela se vão recolher
um sol de Março
um vento fresco
e o canto alegre de fazer o ninho nos beirais
um campo verde
um sol aceso
e as meninas de outros tempos com seus aventais
de telha em telha saltitando sem voar
no espaço aberto agitando o seu cantar
trazem côr para as varandas
trazem laços para as tranças
das meninas que à janela se vão encantar
o sol demora no calor que faz dormir
o canto é lento é lindo é calma a descobrir
e as meninas nas varandas
os cabelos já sem tranças
debruçadas para os laços que viram cair
um sol de Março
um vento fresco
e o canto alegre de fazer o ninho nos beirais
um campo verde
um sol aceso
e as meninas de outros tempos com seus aventais
Mafalda Veiga (Pássaros do Sul, 1987)
terça-feira, 18 de março de 2008
quinta-feira, 13 de março de 2008
quarta-feira, 12 de março de 2008
sexta-feira, 7 de março de 2008
"O Mundo Sem Nós"
"Lisboa sem Nós", Ilustração de Kenn Brown
«É impressionante pensar que, um dia, toda a Europa se pareceu com esta Puszcza. Entrar nela é perceber que a maioria de nós cresceu diante de uma pálida ideia das intenções da natureza. Olhar para sabugueiros com troncos de mais de um metro de largura, ou caminhar por entre as maiores árvores daqui -gigantescos abetos da Noruega, velhos como Metusalém- deveria parecer tão exótico como a Amazónia ou a Antártida para alguém criado entre as zonas arborizadas comparativamente ralas e replantadas que existem ao longo do hemisfério norte. No entanto, o que é espantoso é sentir como tudo isso nos é ancestralmente familiar. E, a um certo nivel celular, como é completo.»
Alan Weisman
(Nota:"Puszcza" é uma floresta ancestral localizada entre a Polónia e a Bielorússia e "Metusalém" é o nome de uma personagem bíblica que terá vivido centenas de anos, "muito velha" mesmo)
quinta-feira, 6 de março de 2008
Conversas de Herbário: "True colors are beautiful, like a rainbow... "
Autoretrato de T-shirt, Diogo Freitas da Costa
2006, acrílico s/tela, 40x40cm
Pode apresentar-se, por favor?
Chamo-me Diogo Freitas da Costa, tenho 35 anos, sou português e vivo em Lisboa.
O que faz?
Sou Pintor, Artista Plástico.
Que dificuldades tem, como pintor, nos dias de hoje? E quais são para si as compensações, ou seja, por que se realiza nesse tipo de trabalho?
A maior dificuldade, em termos materiais, é assegurar a estabilidade financeira. Ter um trabalho que permita fazer planos ou desenvolver projectos a longo prazo, sem preocupaçoes financeiras. Noutro plano, embora indirectamente relacionado com o anterior, a grande dificuldade para mim enquanto pintor é o meu desenvolvimento profissional. O tipo de realização num trabalho como a pintura é imenso. È uma fonte de prazer e de aprendizagem. É um grande desafio físico ( visual, motor, etc) e mental (idealização, compreensão, conceptualização), e o resultado que se pode obter dá-nos satisfação nesses dois domínios. Além disso, a conseguir por sua vez fazer outros experimentarem essa mesma satisfação é muito bom.
Gosta que a sua arte chegue às pessoas? Como sente a critica? Qual o seu valor?
Gosto. Da mesma maneira que gosto de ver arte de outros. A crítica é muito importante. É importante saber pôr o trabalho em primeiro plano, e não interpretar as criticas que lhe façam como criticas a nós.
Segue a sua inspiração ou pelo contrário procura perceber o que as pessoas apreciam? Ao pintar sente-se de alguma forma condicionado? É livre a pintar?
É impossivel não se ser condicionado, ter limites (internos e externos). É tão importante quanto a crítica dos outros. Gosto de saber o que os outros apreciam, e isso não diminui a minha liberdade a pintar.
Das pinturas que realizou tem alguma favorita? Podemos saber? Fale-nos do que gosta de pintar, os seus temas/ inspirações.
Não tenho nenhuma pintura favorita. Gosto de pintar o que vejo. Gosto da sensação de transformar uma coisa que vejo num objecto que por sua vez é visto por outros. Para usar um termo da ecologia, é parecido com reciclar a visão.
Pode dar-nos a sua definição pessoal de “Arte” e de “Belo”? Estão sempre ligadas?
Não tenho uma definição minha, nem para arte, nem para belo. Penso que são conceitos inseparaveis, mas dificeis de definir. Penso que a beleza é sempre um parâmetro central em toda a produção de arte.
Sendo artista, como vê a Natureza? Que importância ela tem para si?
O outro dia fui ver a definição de natureza num dicionário, e encontrei uma definição segundo a qual a natureza é tudo aquilo que existe independentemente da acção humana. Acho uma boa definição.
Diogo Freitas da Costa
Chamo-me Diogo Freitas da Costa, tenho 35 anos, sou português e vivo em Lisboa.
O que faz?
Sou Pintor, Artista Plástico.
Que dificuldades tem, como pintor, nos dias de hoje? E quais são para si as compensações, ou seja, por que se realiza nesse tipo de trabalho?
A maior dificuldade, em termos materiais, é assegurar a estabilidade financeira. Ter um trabalho que permita fazer planos ou desenvolver projectos a longo prazo, sem preocupaçoes financeiras. Noutro plano, embora indirectamente relacionado com o anterior, a grande dificuldade para mim enquanto pintor é o meu desenvolvimento profissional. O tipo de realização num trabalho como a pintura é imenso. È uma fonte de prazer e de aprendizagem. É um grande desafio físico ( visual, motor, etc) e mental (idealização, compreensão, conceptualização), e o resultado que se pode obter dá-nos satisfação nesses dois domínios. Além disso, a conseguir por sua vez fazer outros experimentarem essa mesma satisfação é muito bom.
Gosta que a sua arte chegue às pessoas? Como sente a critica? Qual o seu valor?
Gosto. Da mesma maneira que gosto de ver arte de outros. A crítica é muito importante. É importante saber pôr o trabalho em primeiro plano, e não interpretar as criticas que lhe façam como criticas a nós.
Segue a sua inspiração ou pelo contrário procura perceber o que as pessoas apreciam? Ao pintar sente-se de alguma forma condicionado? É livre a pintar?
É impossivel não se ser condicionado, ter limites (internos e externos). É tão importante quanto a crítica dos outros. Gosto de saber o que os outros apreciam, e isso não diminui a minha liberdade a pintar.
Das pinturas que realizou tem alguma favorita? Podemos saber? Fale-nos do que gosta de pintar, os seus temas/ inspirações.
Não tenho nenhuma pintura favorita. Gosto de pintar o que vejo. Gosto da sensação de transformar uma coisa que vejo num objecto que por sua vez é visto por outros. Para usar um termo da ecologia, é parecido com reciclar a visão.
Pode dar-nos a sua definição pessoal de “Arte” e de “Belo”? Estão sempre ligadas?
Não tenho uma definição minha, nem para arte, nem para belo. Penso que são conceitos inseparaveis, mas dificeis de definir. Penso que a beleza é sempre um parâmetro central em toda a produção de arte.
Sendo artista, como vê a Natureza? Que importância ela tem para si?
O outro dia fui ver a definição de natureza num dicionário, e encontrei uma definição segundo a qual a natureza é tudo aquilo que existe independentemente da acção humana. Acho uma boa definição.
Diogo Freitas da Costa
Saber mais: Aqui!
Nota: O titulo deste post foi retirado de uma musica de Cindy Lauper - "True Colors" ( lyrics by T. Kelly/ B. Steinberg) Album "True colors", 1986
Nota: O titulo deste post foi retirado de uma musica de Cindy Lauper - "True Colors" ( lyrics by T. Kelly/ B. Steinberg) Album "True colors", 1986